Em 1922, o criador da psicologia analítica, Carl Jung, decidiu construir um retiro em uma pequena vila chamada Bollingen. Ele começou com uma pequena casa de pedra de dois andares.
Fez isso não para relaxar, mas para trabalhar. Apenas 1 ano antes ele havia ido de contra com as teorias de Sigmund Freud — que era e é um nome forte nessa área.
Jung sabia que não poderia produzir artigos e livros que dessem suporte a sua teoria, se continuasse na vida corrida e distrativa da cidade. Então começou a passar mais tempo na apelidada “torre de Bollingen“.
O resultado disso? Ele conseguiu produzir materiais que se tornaram a base para sua teoria e para o seu sucesso que ecoa até os dias de hoje.
Jung já colocava o trabalho focado em prática, mesmo naquela época. Ele só não nomeou essa atividade. Quem fez isso foi Cal Newport, autor do livro.
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O problema
Se naquela época já haviam distrações, quem dera hoje, quando ela está bem na palma das suas mãos?
Vivemos na época da distração. Em uma economia onde a atenção é o novo petróleo. O mercado briga por cada segundo de retenção nosso. Como resultado, a capacidade de atenção das pessoas está menor do que a de um peixe.
Se distrair tá cada vez mais fácil, e se concentrar cada vez mais difícil. Esse problema é o cerne do livro. É a razão para o autor ter elaborado essa teoria. Para ajudar as pessoas a terem sucesso focado em um mundo distraído.
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Trabalho Focado
Trabalho focado é toda atividade que requer alto esforço cognitivo e é performada em um estado de completa concentração. Esse tipo de atividade cria novo valor no mundo, dá espaço para inovação e melhoria.
Ele também elaborou a contraparte disso: O trabalho superficial. São atividades que não requerem muito esforço cognitivo e normalmente são repetitivas. Como responder o e-mail. Esse tipo de atividade não cria tanto valor para o mundo (isso não significa que não tem utilidade).
Segundo o autor, no futuro apenas 2 tipos de pessoas terão sucesso; Aquelas que conseguem aprender coisas difíceis e aquelas que conseguem produzir em um alto nível. E nada disso é possível sem trabalho profundo.
Não dá para escrever um artigo que pode impactar o mundo, enquanto responde e-mails ao mesmo tempo. Nem dá para aprender programação, enquanto rola no Instagram. É muito pouco foco para tanta dificuldade.
Basta imaginar uma lupa. Se você foca ela em um local fixo, junto à luz do sol, produz fogo. Mas se você deixa a lupa distante e desfocada, não produz nada. É o mesmo com a sua atenção, com seu foco.
É uma faca de dois gumes. Pode ser uma desvantagem ou vantagem. Depende de qual lado você está. Se a maioria das pessoas está se tornado distraída e você vai no sentido contrário, vai ter vantagem sobre elas. Mas se for junto, estará em desvantagem.
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Como pôr o Trabalho Focado em prática
Obviamente não é fácil sentar e trabalhar por muito tempo sem se distrair, mas o autor deu 4 dicas que vão te ajudar a implementar o trabalho focado na sua vida.
1. Crie o hábito.
Exemplo pessoal. Eu trabalhava 4h por dia há um tempo atrás. Quando eu implementei o trabalho profundo, dividi minha sessão de trabalho em 2 partes; Trabalho profundo e trabalho superficial. Eu sempre programo o trabalho profundo primeiro e o superficial depois. Dessa forma eu gerencio melhor a minha energia mental.
Pense na sua energia como uma onda. Durante o dia ela chega no pico. Depois começa a se quebrar.
No meu caso, durante a manhã, quando começo o trabalho, estou no meu pico de energia — é o momento ideal para fazer as tarefas mais difíceis. E é o momento ideal para criar o hábito.
O autor cita que o máximo que a maioria consegue atingir é passar 4h trabalhando profundamente. E isso é muito difícil. Por isso você deve priorizá-las enquanto tem energia.
A minha dica é: Comece pequeno. Você não vai conseguir passar 2h focado em uma coisa só na primeira vez. Mas assim como um músculo, se você for aos poucos praticando, se tornará mais forte.
2. Aceite o tédio.
O seu cérebro foge da dor e busca o prazer. É como ele foi condicionado para que pudéssemos sobreviver. Sempre que você tem opções, ele escolhe aquilo que é menos doloroso e mais prazeroso.
Na época que vivemos há muitas fontes de prazer de fácil acesso. Netflix, Ifood, jogos e por aí vai. Você acha que seu cérebro quer escrever um relatório chato?
O cérebro da maioria hoje está super estimulado. Isso dificulta na hora de se concentrar no trabalho ou estudos.
Mas, quando você se acostuma com o tédio — que é, literalmente não fazer nada — você treina o seu cérebro para não se sentir tão tentado a esses estímulos.
O tédio é o nível mais baixo de estimulo.
E entre não fazer nada e fazer algo, seu cérebro prefere fazer algo. É aí onde o trabalho focado se torna atraente para ele.
É como mostrar uma gazela para um leão faminto.
3. Fuja das redes sociais.
A maioria usa as redes sociais para se entreter. Para se estimular. Como uma masturbação mental.
Isso só prejudica na hora de se concentrar em coisas menos estimulantes. E eu não falo só sobre trabalho e estudos, mas na vida. As pessoas hoje jantam com o celular na mão, pois sentar na mesa e interagir com seus familiares é menos “estimulante” do que rolar no Tiktok. O mesmo se aplica no trabalho. As pessoas não querem fazer algo chato, por isso colocam uma música, ou abrem um site de notícia na segunda aba.
Tudo isso te impede de usar toda a sua atenção em uma atividade só. Dificulta o trabalho profundo. E quando você coloca apenas 50% de energia em algo, tem apenas 50% dos resultados que poderia ter.
4. Elimine a superficialidade.
Eu comecei a trabalhar para mim mesmo há uns 2 anos. A parte mais difícil é que você é seu próprio chefe. Você decide o que vai fazer e se vai fazer. E selecionar quais tarefas fazer é doloroso. Você não sabe à princípio o que é mais eficiente, ou o que te traz mais resultados.
Mas essa dica me ajudou com isso. Quando eu comecei a dividir minhas tarefas entre profundas e superficiais, notei que muitas das superficiais poderiam ser eliminadas. Eu as eliminei. E para minha surpresa, não fizeram falta. Pelo contrário, me deram mais tempo para trabalhar nas tarefas que realmente me traziam mais retorno.
É literalmente o princípio de Pareto. 20% das ações trazem 80% dos resultados.
Por essa razão o autor recomenda eliminar o que há de raso/superficial nas suas tarefas.
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Juntando tudo..
Esse livro não é só sobre trabalho. Estamos nos tornando mais rasos intelectualmente, socialmente e espiritualmente.
Temos opiniões fortes, mas pouquíssimo embasamento. Temos milhares de seguidores, mas pouquíssimos amigos. Nos conectamos sempre, mas estamos mais desconectados do que nunca.
Esse livro te ensina a não só trabalhar profundamente, mas a viver uma vida profunda. Te ensina que focar nas coisas certas e por completo trazem os resultados mais valiosos.
É um livro simples e pragmático, mas ao mesmo tempo resolve um problema latente e profundo. A leitura é muito fácil e didática. Tanto é que já li umas 3 vezes. Aprendi algo novo em cada uma delas.
Se quiser ter sucesso focado em um mundo distraído, recomendo que leia. Clique aqui para adquirir pela Amazon.
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