Como ter motivação para buscar metas

3 Montanhas representando 3 níveis de dificuldade.

Você define uma nova meta empolgado para dar os primeiros passos em direção a ela. No primeiro dia, você está motivado. No segundo, continua motivado. No terceiro dia, sente algo diferente, mas continua. No décimo dia, você já não sente a mesma garra.

Eu já passei por isso. E encontrei a solução de uma forma inesperada, numa história infantil. Vou te contar de maneira breve.

Certo dia, uma garotinha loira se perdeu na floresta. Ela encontrou uma casa onde moravam 3 ursos, mas por sorte eles haviam saído, quando ela entrou.

Assim que ela passou pela porta, viu na mesa da cozinha 3 tigelas de papa, uma maior que a outra. Ela provou da maior e estava muito quente. Provou a do meio e estava muito fria. Provou a menor e estava perfeita.

Após comer, estava cansada, então buscou um lugar para descansar. Encontrou na sala de estar 3 poltronas, uma maior que a outra. Ela se sentou na maior e era muito dura. Se sentou na do meio, e afundou, porque era muito mole. Se sentou na menor e era perfeita. Mas pouco tempo depois de ter sentado a cadeira quebrou.

Mais determinada ainda a descansar ela subiu para o quarto e se deparou com 3 camas, uma maior que a outra. Se deitou na maior e era muito alta. Se deitou na do meio e era muito baixa. Se deitou na menor e era perfeita. Ali mesmo ela adormeceu.

Tempo depois os ursos chegaram, viram que suas papas não estavam do mesmo jeito, uma das cadeiras da sala estava quebrada e quando subiram no quarto, já desconfiados, viram a garota dormindo em uma de suas camas.

Assim que eles se aproximaram, ela acordou, pulou pela janela e fugiu.

Regra Goldilocks

Ela poderia ter comido mais papa, porém iria queimar a boca. Ela poderia descansar na poltrona ou cama maior, porém ficaria desconfortável. Ao invés, ela buscou o que era ideal. É o mesmo quando se trata de metas.

Pesquisadores descobriram que temos mais motivação, quando buscamos algo que está na beira das nossas capacidades. Em outras palavras, que não é nem tão difícil para te fazer fracassar todas as vezes, nem tão fácil para te deixar entediado. É ideal. No meio.

Exemplo, se você joga tênis razoavelmente bem e decide enfrentar uma criança de 4 anos, vai ganhar sempre e vai se entediar. Mas, se enfrentar um atleta profissional, vai perder sempre e vai se desanimar.

O ideal para que você tenha motivação é jogar com alguém que é apenas um pouco melhor que você.

Essa teoria foi nomeada como regra Goldilocks. Goldilocks é o nome da garotinha. Isso porque o nome da história na versão inglesa é “Goldilocks and the three bears”. No português é conhecida como Cachinhos Dourados e os três ursos.

Não mire na lua

No início desse ano, eu estava ouvindo uma palestra onde o palestrante disse exatamente assim: “Mire na lua, pois se você errar, ao menos estará nas estrelas.”

Ele não precisou dizer mais nada. Liguei os pontos. Disse a mim mesmo, “Se eu traçar uma meta gigantesca, mesmo que eu não a alcance, alcançarei algo próximo.”

Argumentei comigo mesmo, “Se eu traçar uma meta 10 vezes maior, obviamente terei de fazer 10 vezes mais esforço, e por isso, muito provavelmente vou alcançar bem mais do que estou alcançando agora.”

É lógica. Se você faz esse tanto e consegue esse tanto, se fizer o dobro, conseguirá o dobro.

Tudo isso fez e faz sentido. Por isso tracei uma meta literalmente 10 vezes maior.

No início foi tranquilo, super motivado. O problema é que se passaram alguns meses e eu simplesmente não sentia um pingo de motivação para agir naquela meta. Mas como não dependo de motivação para agir, continuei agindo pela disciplina.

Ainda assim eu sabia que havia algo de errado. Não é normal você ter uma meta que se importa e que almeja, mas não sentir um pingo de entusiasmo para buscá-la.

O renomado psicólogo, Jordan Peterson, explicou em uma entrevista que uma parte do nosso cérebro libera doses de dopamina e produz emoções positivas, quando há uma diminuição de distância entre você e uma meta. Em outras palavras, quando você faz algo que te move para mais perto da meta, você tem emoções positivas. Isso te motiva a continuar agindo. É o que traz entusiamo para buscar.

Ou seja, se sentir motivado para correr atrás de uma meta é normal e crucial.

Eu não estava sentindo nada disso. Mas por sorte, dei de cara com um artigo que me apresentou a regra Goldilocks.

Foi quando tudo fez sentido. Eu estava mirando na tigela de papa maior. Na montanha mais alta. Algo que estava muito distante das minhas capacidades atuais. Eu acreditava que poderia alcançar, mas minha mente não, o que minava a minha motivação.

Isso é o que inviabiliza o método de “mirar na lua”. Por isso diminui minha meta até chegar no ponto ideal, na beira das minhas capacidades, apenas um pouco fora da minha zona de conforto. Onde nem é tão difícil, nem tão fácil. Como resultado, voltei a sentir motivação para buscar minha meta. E isso unido à disciplina para tomar as ações necessárias, é o que vai me fazer alcançá-la.

Não estou dizendo que você não deva sonhar alto, digo para sonhar por partes. Isso não significa que eu não vá buscar aquela meta maior algum dia, irei sim, mas quando estiver no ponto ideal.

Se você nunca escalou na vida, não tente escalar o monte Evereste de primeira, será muito difícil, você falhará todas as vezes e se desanimará. Mas também não tente escalar uma pequena cerca, será muito fácil. Comece por uma pequena colina.

Se você quer ter motivação para buscar qualquer meta, escolha uma que esteja na beira das suas capacidades atuais.

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