Um garoto acorda uma manhã com um dragão do tamanho de um gatinho no seu quarto. Ele conta para sua mãe, mas ela diz: “Não existe tal coisa como um dragão.”
O garoto confia em sua mãe. Então ele ignora o dragão que claramente vê. Enquanto os dois fingem que o dragão não existe, ele cresce e cresce.
No começo, era apenas um pequeno problema, se sentando em cima da mesa e comendo as panquecas do garoto. Mas então começou aos poucos a atrapalhar as tarefas do dia a dia, como limpar a casa.
Eventualmente, o dragão ficou tão grande que tomou conta da casa inteira e a família perdeu o controle do seu lar. Acabaram do outro lado do bairro, porque o dragão carregou a casa nas costas ao perseguir um caminhão de comida.
Finalmente, quando o pai do garoto encontrou a casa, perguntou o que aconteceu, dessa vez a mãe foi capaz de ouvir o garoto e ver que o dragão era real e realmente grande.
Assim que eles reconheceram o dragão, imediatamente ele voltou ao tamanho de um gatinho.
“Não me importo com dragões desse tamanho, mas por que ele cresceu tanto?” Disse a mãe.
“Não tenho certeza, mas acho que ele só queria ser notado”, disse o garoto.
Se você ignora um medo ou problema, finge que ele não existe, mesmo que esteja te prejudicando, ele cresce — E talvez se torne tão grande, que contê-lo se torne uma missão quase impossível.
Não ignore seus dragões. Eles crescem e te devoram.
Certo dia quando eu era garoto errei o chute ao cobrar um pênalti. O professor gritou comigo. Todos os meus colegas de time zombaram de mim.
Nos jogos seguintes eu evitei cobrar qualquer pênalti, lateral ou escanteio, e sempre que recebia a bola me apressava para tocar para alguém.
Eu havia desenvolvido um medo da crítica mais forte do que a maioria das pessoas têm.
Na escola eu soava só de pensar em levantar a mão. Na adolescência costumava concordar com tudo que meus amigos diziam. Eu era forçado por mim mesmo a ser, pensar e agir da mesma maneira daqueles ao meu redor só para não desapontá-los. Esse era o meu dragão.
Um dia, eu comecei a ler um livro chamado “Mais esperto que o diabo”. Eu havia me interessado apenas pelo título, afinal, quem não quer ser mais esperto que ele? Mas mal sabia eu que encontraria a solução para um velho problema.
No livro, Napoleon Hill escreveu sobre pensamento independente. Ele defendia de forma ferrenha que, se você não pensa por si mesmo, é um alienado, é um escravo e não tem controle sobre o destino da própria vida. Eu não poderia me identificar mais.
Finalizei o livro sem nenhuma mudança significante, mas a minha vontade de vencer aquele medo estava ainda mais forte. Comecei aos poucos a buscar formas de ser eu, porém nada parecia mudar muito. Ainda me dava nos nervos ir de contra com alguém.
Até que li o título de um vídeo no Youtube que me prendeu instantaneamente. Dizia “Você não consegue o ouro sem o dragão.” Naquele vídeo fui apresentado à perspectiva de Jordan Peterson sobre medo.
Ele comparou o medo com um dragão que protege um pote de ouro dentro de um covil. Dragões são criaturas mitológicas que são reptilianas, cospem fogo, buscam e guardam ouro. A ideia de enfrentar um dragão figurativamente é assustadora, pois ele pode te queimar ou devorar em segundos. Mas ao mesmo tempo, se você quer o ouro, precisa encará-lo. Se quer a recompensa que está no fundo do covil do dragão, precisa matá-lo antes.
Todo medo traz consigo o inverso, uma recompensa. Quão maior o medo, maior a benção por trás dele. Assim que aprendi isso, minha motivação para enfrentar o medo cresceu. Também senti como se a solução estivesse bem debaixo do meu nariz o tempo todo. Como se ela estivesse no próprio problema.
Ignorar o medo só o faz crescer. Fingir que ele não existe só o faz crescer. Reconhecê-lo e encará-lo é o que o faz diminuir e desaparecer.
Após isso comecei a fazer o inverso do que o meu medo da crítica dizia. Comecei a expor minhas opiniões, escolher meus próprios caminhos, ser eu. E como recompensa, desenvolvi capacidades de comunicação que não tinha e alcancei resultados que nunca alcançaria seguindo o caminho de outras pessoas.