Como saber onde focar?

Focar na coisa errada pode não ser tão prejudicial. Mas focar na coisa errada na fase errada, pode acabar com sua vida. Grande parte dos problemas pessoais poderiam ser resolvidos, se os envolvidos tivessem focado na coisa certa, no momento certo. Idosos poderiam ter menos doenças, se tivessem cuidado melhor da saúde enquanto jovens. Adultos poderiam ter melhores condições financeiras, se tivessem usado a vitalidade da juventude para aprender e trabalhar duro.

Regule os volumes da sua vida

Desde a minha adolescência me pergunto no que devo focar. O que sempre me ajudou foi ter uma visão sobre o meu futuro. Saber exatamente como eu quero que ele seja. Isso dá as pistas sobre o que fazer no presente. Em outras palavras, no que focar. Eu enxergava e enxergo que para alcançar qualquer coisa na vida, preciso trabalhar em mim mesmo. Por essa razão, me interessei pelo desenvolvimento pessoal. E acredito que temos 5 áreas que podemos desenvolver na nossa vida: Mental, física, espiritual, financeira e interpessoal.

Descobri que o segredo para ter uma vida melhor é saber regular seu foco entre essas áreas. Foco, para mim, significa energia e tempo. Pois para onde ele vai, essas duas coisas são gastas. E temos uma quantidade limitada de energia e tempo. Temos um limite de foco. Logo, não dá para focar em tudo ao mesmo tempo. Acredito que, das 5 áreas não podemos focar em mais do que 2 por completo. Essas 5 áreas são como 5 volumes. Não podemos deixar mais de 2 volumes no máximo. Talvez 3, se você for acima da média. Mas é extremamente difícil. O segredo é ajustar esses volumes corretamente.

Infância

Exemplo, na infância focamos no que? Financeiro? Não. O volume é zero. A não ser que você venha de uma família muito pobre e precise ajudar seus pais, o que não é o caso da maioria. Mental? Bastante. Aprendemos muitas coisas na nossa primeira fase da vida. Mas não é tanto um esforço consciente, por isso acredito que o volume estaria na metade. Espiritual? Não sabemos nem falar, quem dera nos conectar com um ser divino. É óbvio que o volume é 0. Físico? Bom, uma criança é como um carro 0km. O corpo está novo em folha. Quem se preocupa com isso são os pais, se forem bons. Não é um esforço consciente, por mais que melhoremos nesse aspecto. Logo, o volume é 0. Interpessoal? Queremos estar perto de nossos pais e irmãos. Queremos fazer amigos na escola. O volume está no máximo. Na infância não há erro de foco, porque não temos consciência. Não escolhemos. São decisões naturais; E elas são certas. Os erros de foco que podem acontecer na infância são por influência dos pais.

Adolescência

Um exemplo consecutivo: adolescência. Aqui sim, temos mais consciência que uma criança, mas nem tanta quanto um adulto. Ainda assim, decidimos muito. Nossos pais, que devem ser nossos guias, também podem nos orientar a focar nas coisas certas.

Um adolescente foca no que? Bom, há várias possibilidades. Vamos supor que um adolescente colocou o volume do físico e interpessoal no máximo, quando ele chegar na vida adulta estará em forma, provavelmente terá uma namorada e vários amigos, mas não terá 1 centavo no bolso e tanto sua namorada, quanto seus amigos não serão de boa qualidade. Por quê? Bom, se ele não focou o suficiente no lado mental, ele não aprendeu o bastante para selecionar bons amigos, namorada, e quem dera ter qualificação e capacidade para conseguir um bom emprego, ou iniciar um negócio.

Outra possibilidade. Se o adolescente, ao invés, colocou o volume mental e espiritual no máximo, quando chegar na vida adulta será muito conectado com o Deus, ou deuses, do qual acreditar, terá mais sabedoria para navegar pela vida e provavelmente terá um bom trabalho. Mas talvez, por não ter investido tanto no lado interpessoal, se torne muito solitário.

Vida adulta

Outro exemplo consecutivo, um jovem adulto. Aqui, as variações são ainda maiores, pois ele já tem as consequências do que focou na adolescência e a decisão sobre o que vai focar para o futuro. Há uma infinidade de exemplos que poderiam ser articulados, mas daria muito trabalho para fazer isso. Então vamos nos ater a um jovem que ajustou bem o volume das áreas e chegou a vida adulta com um bom trabalho, uma boa parceira, um bom físico e um bom nível de sabedoria mental e espiritual.

O que ele pode querer para o futuro? Provavelmente ter uma boa casa, um bom carro, viajar, ter filhos. Se ele a partir de agora colocar o volume do físico e espiritual no máximo, quais são as chances dele alcançar isso no futuro? Nulas. Ele vai estar em forma, conectado com a fonte de poder maior, mas não terá progredido profissionalmente o suficiente para ter dinheiro o bastante para comprar o carro, viajar e ter estrutura para criar seus filhos.

Outra possibilidade. E se, talvez, ele aumentar o volume mental e interpessoal ao máximo, você acha que ele alcançaria esses objetivos? Mais uma vez, é provável que não. Ele seria sábio, com ótimos relacionamentos, saberia como criar seus filhos, mas não teria condições financeiras para tais propósitos, porque, mais uma vez, não focou o suficiente no lado financeiro, profissional.

Quais são os volumes certos de cada fase?

Eu acho que você já deve ter percebido os padrões e deduzido quais são os volumes certos de cada fase. Acredito de forma ferrenha que na adolescência devamos focar 100% no mental; E por mental eu digo, aprender o máximo possível, ampliar as perspectivas e conhecimento. Já no início da vida adulta, acredito que devamos diminuir um pouco o volume do mental e aumentar ao máximo o da vida financeira/profissional. Após isso, por volta dos 30 a 50 anos, começar a gradativamente diminuir eles e aumentar o espiritual, interpessoal e físico.

Na juventude temos tempo e energia, só não temos dinheiro. Se usarmos esses ativos para investir na nossa mente e trabalho, podemos chegar na vida adulta mais preparados para ganhar muito dinheiro. Se fizermos isso, chegamos ao ponto onde temos pouco tempo livre, energia o suficiente e dinheiro o bastante.

Porém, após isso, iniciamos uma fase onde temos tempo livre, mas não muito tempo de vida, a energia começa a diminuir drasticamente e sentimos falta de uma conexão com algo maior. É aí onde usamos o dinheiro, os relacionamentos e a sabedoria que desenvolvemos para aumentar o volume do físico e espiritual ao máximo. Dessa forma vivemos mais, e vivemos o melhor da vida.

Mas há uma implicação por trás disso tudo. Uma interpretação que você pode ter tirado de tudo que eu disse. Nenhum dos volumes podem ficar no 0 por muito tempo. Por mais que na adolescência você precise focar muito no aspecto mental, se não cuidar minimamente do seu físico, interpessoal, financeiro e espiritual, terá dificuldade em encontrar sua outra metade, em se desenrolar economicamente e em se sentir bem consigo mesmo no futuro.

Se na vida adulta não cuidar minimamente do seu corpo, digo, se alimentar razoavelmente bem, se exercitar com uma certa frequência e descansar o suficiente, vai chegar na velhice cheio de doenças — as quais te atrapalharão até o resto da vida. Talvez até te impeçam de focar no seu lado espiritual com maior intensidade. Você precisa deixar o volume de certas áreas alto o suficiente para que você consiga ao menos ouví-las.

Por que tudo isso faz sentido?

Para as nações cooperarem, tratados e acordos são necessários para manter os países em ordem. Para a sociedade funcionar, leis são necessárias para manter os cidadãos em ordem. Para uma empresa funcionar, protocolos, sistemas e culturas são necessários para manter os funcionários em ordem. Por que que o universo seria diferente?

O universo tem leis conhecidas como leis da natureza. São feitas para fazer com que todos os seres, incluindo o homem, se mantenham em ordem. Se essas leis não funcionam, o caos emerge. O homem só prospera, se aprende a cooperar com essas leis. O homem só consegue viver em harmonia com a natureza, se souber colaborar com essas leis. Se ele ignorar a lei da gravidade, morrerá ao pular de um penhasco. Se ignorar a lei da inércia, morrerá ao sair de um carro em movimento. Se colocar o dedo na tomada, bom, você já sabe.

Há algumas leis da natureza que não são tão populares, mas afetam sua vida da mesma forma. Uma delas explica o que eu acabei de te dizer. Chama-se lei da Semeadura. Você já deve ter ouvido falar. Ela basicamente diz que tudo que você plantar, vai colher. Foi descrita na bíblia em Gálatas 6, “..pois o que o homem semear, isso também colherá.” Também é conhecida como a lei da Causa e Efeito. Todo efeito tem uma causa. Toda ação tem uma reação. Todo resultado tem uma razão.

Se você plantar, certamente vai colher. É uma lei da natureza. Mas aqui está algo do qual as pessoas não se atentam. Não dá para plantar cenoura e colher beterraba. Você colhe exatamente o que planta. Se não está contente com a colheita, observe o que está plantando. Se plantar mal, colherá mal. Se plantar bem, colherá bem.

A vida que vive no presente, é um resultado do que focou no passado. Do que plantou no passado. A vida que terá no futuro, é um resultado do que está focando no presente. Do que está plantando no presente. O seu foco é a sua plantação.

Mas não só isso, como eu disse, a fase também importa. O momento também importa. Tomate é algo bom a ser plantado. Mas se você plantar ele no inverno, não colherá algo bom, porque ele deve ser cultivado no verão. De nada adianta focar em excesso no seu físico durante a adolescência, se isso não vai te trazer a colheita que realmente precisa na sua vida adulta.

Juntando tudo..

Foque nas áreas certas, no momento certo. Para descobrir qual é a área certa, primeiro saiba o que quer na próxima fase da sua vida. Em outras palavras, quais são suas metas para a próxima fase. Isso vai te dar a resposta a respeito do que deve focar.

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