“Não dê atenção ao que outros fazem ou falham em fazer; Dê atenção ao que você faz ou falha em fazer.” — Buddha
Autorresponsabilidade determina a qualidade da sua vida.
De estoicos à pessoas que aplicam ela por intuição, ser responsável pelo que você faz te dá um senso de controle sobre sua vida — e junto a isso, uma paz mental.
Nos negócios ou na vida pessoal, autorresponsabilidade faz de você seu próprio chefe, o protagonista, aquele que é responsável por fazer sua vida melhorar ou piorar.
Nesse artigo, você terá acesso a 6 passos incomuns para se tornar mais autorresponsável. Antes de entrarmos em detalhes, aqui estão eles em resumo:
- Se não resolve, não critique. Ao observar uma falha de alguém, não abra a boca a menos que tenha uma solução, ou o desejo de resolver. Caso contrário, apenas colocará mais fogo no incêndio.
- Troque culpa por influência. Ao invés de atribuir 100% da culpa, encontre as partes que influenciaram o resultado — e talvez uma delas seja você. Com isso em mente, corrija a sua parcela, mas com a intenção de resolver o todo.
- Mesmo que pareça impossível, pergunte-se o que pode fazer. Há situações aparentemente impossíveis. Nelas, o vitimismo emerge. Não morda a isca de culpar fatores externos. Pergunte a si mesmo se há uma solução e mantenha-se responsável até que ela apareça.
- Seja humilde. Se você sente que é superior, a culpa nunca será sua. Se você é humilde, está no mesmo nível de todos. Isso facilita na hora de assumir a responsabilidade, pois você não julga, nem teme ser julgado.
- Seja corajoso. Coragem não é ausência de medo; É quando a confiança em si é maior que o medo. Isso é necessário para assumir responsabilidades, quando todos temem assumi-las. Isso te faz um herói.
- Tenha senso comum. Não entre numa corte e assuma a culpa por algo que não fez. Isso não é ser autorresponsável, é ser idiota. Carregue o fardo que te é designado; Não todo fardo disponível.
O que é autorresponsabilidade?
Do grego autos, o prefixo auto significa “Si mesmo”. Do latim responsabilitas, a palavra responsabilidade significa “Responder por”. Juntas, ambas significam responder por si mesmo.
Autorresponsabilidade é assumir a culpa por toda e qualquer ação, decisão e atitude sua. Independente se isso significa ser punido ou beneficiado.
Por que ser autorresponsável?
Além da cultura, é da nossa natureza apontar o dedo da culpa para um fator exterior. Nosso cérebro é condicionado para nos proteger de qualquer tipo de sofrimento. Logo, assumir a culpa por algo que deu errado se torna um desses sofrimentos — por isso evitamos.
Queremos culpar o governo pela péssima qualidade de vida que temos. Queremos culpar a economia pelas nossas dívidas. Queremos culpar nossos pais por não estarmos tão longe na vida. Queremos culpar nossos amigos pelas nossas péssimas decisões.
O problema com isso é que se você esperar pelo governo, talvez ele apenas piore. Se esperar pela economia, talvez leve muito tempo. Se esperar pelos seus pais, será uma criança adulta. Se esperar pelos seus amigos, continuará na mesma.
Ninguém pode consertar sua vida por você. Culpar qualquer fator externo, por menor que seja, coloca o poder de mudar a sua situação nas mãos dele. E você não quer deixar seu destino nas mãos de terceiros, certo?
É isso que queremos, apontar o dedo da culpa externamente, pois sabemos que não só é sofrido assumir a responsabilidade, como é sofrido fazer o esforço para consertar o problema. Mas não é isso que devemos fazer.
Lá no fundo todos sabemos que temos uma parcela de responsabilidade por tudo que acontece nas nossas vidas. Se sua esposa derrubou um copo de cima da pia, ela pode até ter culpa por ter sido desatenta, mas você teve culpa por ter visto o copo, saber desse traço dela e ainda assim deixar o copo na ponta.
Você precisa assumir a responsabilidade para ser o protagonista da sua vida, para tomar as rédeas, para direcionar o seu destino. Caso contrário, estará à mercê do mundo, assim como uma folha caída sendo levada pelo vento.
Como ter autorresponsabilidade em 6 passos incomuns
Se não resolve, não critique.
Quando alguém comete um erro, e sabemos que é um erro, nos sentimos tentados a criticar. Colocar o dedo na ferida. Mesmo que não tenhamos uma solução. Isso nada mais é do que o ego tentando se engrandecer. Infelizmente temos a cultura de enxergar aqueles que erram como inferiores de alguma maneira. E junto a isso, o ego humano, que tem o desejo de se sentir superior a qualquer custo.
Entretanto, de nada adianta apenas criticar. A pessoa só se sentirá desanimada e o problema em si não será resolvido. Na verdade, criticar apenas agrava, apenas aumenta o incêndio.
No lugar disso, reflita consigo mesmo se há um caminho melhor do qual aquela pessoa não esteja ciente. E se houver, mostre-a humildemente. Demostre sua intenção de ajudar, de compreender, de cooperar e não de denegrir, inferiorizar, diminuir. Foque no problema, não na pessoa. Encare como duas pessoas tentando resolver um problema, e não como uma pessoa falhando em resolver e outra julgando ela por isso.
Troque culpa por influência.
Ao invés de se perguntar, “Quem é o culpado?” pergunte-se, “Qual influencia eu tive nisso?” Dessa forma, ao invés de atribuir 100% da culpa para uma pessoa, você encontra as verdadeiras causas que podem ter contribuído — e uma dessas pode ter sido você.
Não busque delegar a culpa, busque assumir a sua parcela e, se possível, resolver o todo. Pergunte-se, “O que eu poderia ter feito que teria trazido um melhor resultado?”
Você pode ter sido demitido por um chefe tirano sem razões justas, mas se tivesse qualificado a si mesmo a ponto de não precisar aceitar um emprego de tal pessoa, talvez não teria passado por isso. Se vitimizar nessa situação apenas te faria desanimado, além de desempregado. Mas assumir a influência que você teve, talvez te levasse a se sentir motivado a se qualificar e encontrar um emprego melhor, a melhorar a si mesmo, ou até a iniciar um negócio.
Um caminho fecha a caixa das possibilidades, o outro expande ela para um universo de oportunidades. Assumir a sua parcela de influência traz o controle de volta para si, traz o poder de volta para si e te traz a oportunidade de tomar uma decisão, agir e consertar a situação.
Mesmo que pareça impossível, pergunte-se o que pode fazer.
Muitas vezes nos deparamos com problemas que aparentam impossíveis. Nenhuma solução vêm à cabeça, ninguém aparece com uma ideia, você não tem recursos o suficiente para resolver. Nessas situações, o ceticismo e o vitimismo tendem a entrar pela porta da frente. Paramos de pensar sobre como resolver e passamos a pensar sobre quem foi o culpado por aquilo. Paramos de buscar um caminho e passamos a julgar o caminho que nos levou até ali.
Nessas situações, não morda a isca de se vitimizar. É muito fácil delegar a culpa e se isentar de resolver. Ao invés, pergunte-se o que pode fazer. Independente se a única coisa que pode fazer é não desistir. Continue pensando, dê tempo ao tempo, mantenha-se responsável por aquilo, aja no que puder agir e eventualmente uma porta se abrirá, um caminho se apresentará a você. Lembre-se, o sol nasce após o período de maior escuridão. Em toda escuridão há uma rachadura — é por ali que a luz entra. Toda adversidade traz consigo a semente de uma oportunidade. Essas foram coisas que Napoleon Hill e Ram Dass disseram.
Seja humilde.
Humildade é tratar todos igualmente, independente de raça, status ou poder. É enxergar cada um como ser humano, e nada mais. É uma prática, não um traço. Você não simplesmente é humilde e ponto. Precisa ativamente se preocupar em ser, caso contrário vai se descuidar em algum momento e criticar injustamente, tratar mal sem razões, ou pior ainda, culpar sendo o culpado.
A humildade te ajuda a assumir a responsabilidade, pois te faz enxergar todos como estando no mesmo nível. Dessa forma, tiramos a ideia de um juíz da mente. Um juíz é alguém que está acima, por isso ele tem posição para julgar. Mas quando todos estão no mesmo nível, o medo do julgamento vai embora e isso te ajuda a assumir a culpa que te é devida.
Seja corajoso.
Coragem não significa a ausência do medo. Significa confiar que você pode vencê-lo. Para ser corajoso, você não elimina o medo, você se torna maior que ele.
Essa coragem é necessária para assumir a culpa, para ser autorresponsável. Porque não é fácil. Tememos que as consequências arruinarão nossas vidas. Tememos que estamos sendo injustiçados de alguma maneira. Tememos que não nos olharão positivamente. Quando na verdade, é sempre o contrário. Quando você assume a frente de algo que todos temiam fazer, te enxergam como corajoso, como um herói, te vêem positivamente, te enxergam como o justiceiro em si.
Tenha senso comum.
Não queira entrar numa corte e assumir a culpa por um crime que outra pessoa cometeu. Isso não é ser autorresponsável, é ser idiota. A razão de eu sequer escrever esse parágrafo é para alertar aqueles que talvez acabem pensando que devem sair por aí assumindo todas as responsabilidades disponíveis. Não é sobre isso. A atitude da autorresponsabilidade é sobre responder pelo que cabe a você. Não pelo que cabe ao mundo. É carregar a carga que te é designada, não de tentar carregar o mundo nas costas. A autorresponsabilidade só é relevante na sociedade, porque temos o péssimo hábito de colocar a culpa no lugar errado. Não temos o discernimento correto. Não é à toa que temos orgãos responsáveis pela justiça. Não é à toa que há pessoas que passam anos estudando para fazerem parte desses orgãos. Há uma necessidade para selecionar os culpados. Mas em uma sociedade onde seus cidadãos sabem desvendar o que cabe a eles, esse artigo não seria necessário.