Vivemos no ápice da distração.
Sempre há o que fazer. Sempre há o que consumir. Sempre há algo para se ocupar.
Mais do que nunca precisamos da habilidade de focar — porque há muito a se fazer.
Mas o que tem acontecido é o oposto: esse excesso de estímulos, possibilidades e informações está treinando o nosso cérebro a fazer justamente o contrário — desfocar.
Isso prejudica nosso desempenho em tudo. No trabalho, nas conversas, no trânsito. Nos faz viver em um estado de atenção parcial constante. Sempre presentes.. mas nunca por inteiro.
Nesse breve artigo, vou te mostrar uma solução contraintuitiva, mas verdadeira e embasada.
Além disso, você também pode descobrir centenas de métodos para focar através do ebook 101 Hacks.
Em 1929, um psiquiatra alemão chamado Hans Berger, inventor do eletroencefalograma (EEG), propôs algo que, na época, soou estranho: o cérebro nunca descansa.
Segundo ele, mesmo quando estamos em repouso, aparentemente sem fazer nada, nosso cérebro continua funcionando ativamente. E ele conseguiu detectar isso nas oscilações elétricas registradas pelo seu aparelho.
Mas, como acontece com quase toda ideia à frente do seu tempo, ele não foi levado a sério.
Somente décadas depois cientistas voltaram a prestar atenção nisso. Com tecnologias mais avançadas, descobriram que, de fato, há uma rede de regiões cerebrais que se ativa quando você está “sem fazer nada”. Chamaram esse estado mental de rede de modo padrão, ou Default Mode Network — DMN.
A DMN é o estado da introspecção. Quando estamos pensando sobre o passado, o presente ou futuro. Quando estamos sonhando acordados. Quando a mente viaja.
Mas a parte que importa está no estado mental inverso ao DMN: O Modo de função executiva — que é o estado mental da ação. Quando estamos fazendo algo específico, ocupados, o cérebro ativa regiões para nos ajudar a executar essa tarefa em mãos.
Pessoas com TDAH têm dificuldade em desativar o DMN, mesmo quando estão fazendo algo, mesmo quando estão nesse modo de execução. Isso dificulta o foco na tarefa em mãos, pois sua mente continua divagando, pensando abertamente, sonhando acordada, enquanto você está tentando se concentrar.
Esse é o problema: Quando o DMN meio que sobrepõe o modo de execução. Essa é a causa da distração. E é o que treinamos nossa mente a fazer diariamente.
Muitos nascem com TDAH, mas uma maioria estarrecedora cria a própria. Estamos construindo, aos poucos, um TDAH coletivo.
- Não só nos exercitamos — nos exercitamos com música, ou respondendo mensagens no celular.
- Não só conversamos — conversamos com o Instagram aberto na outra mão.
- Não só trabalhamos — trabalhamos com dezenas de abas abertas, uma delas com o YouTube rolando de fundo.
Vivemos em um estado de multitarefa constante. E, assim, vamos mantendo a DMN ativada mesmo quando deveríamos estar focados, no modo execução.
A distração virou nosso padrão. O foco virou exceção.
Mas há uma solução para isso — e ela foi apresentada de forma simples em um TED Talk.
A palestrante, uma psiquiatra, revelou algo contraintuitivo: O Hack para focar por completo.. é o tédio.
Sim. O tédio. O botão para ativar o foco é o tédio.
Ficar literalmente sem fazer nada. Só sentado, olhando o tempo passar, sem celular, sem música, sem aba aberta.
Quando estamos “sem fazer nada”, o cérebro automaticamente entra no modo DMN. E, ao contrário do que você talvez esteja presumindo; Não, não queremos evitar o DMN, ele só é um problema quando ativado enquanto estamos no modo execução — tentando fazer uma coisa só.
O problema é a mistura dos dois modos. Mas ao ficar no tédio, ao ficar “sem fazer nada”, você entra puramente e exclusivamente no modo DMN, apenas nele. E segundo a psiquiatra, ao fazer isso, ao passar alguns minutos assim, você meio que reseta o cérebro, reinicia o sistema.
Após isso, se você tenta se concentrar em algo, apenas o modo execução é ativado — e a distração causada pela mistura dos dois modos é resolvida.
Meio que você precisa satisfazer o desejo do seu cérebro de estar no modo padrão (DMN) para que ele não te atrapalhe quando estiver tentando executar algo no outro modo.
Tédio é o hack. É um treino. Um treino para o cérebro voltar ao seu estado natural de foco.
Mas como praticar isso? Bom, você pode começar com pequenas pausas:
- Fila do banco, sem celular.
- Caminhada de 10 minutos, sem música.
- Sentar por 5 minutos entre uma tarefa e outra só observando a respiração.
Você não precisa “meditar” no sentido tradicional — só precisa parar e deixar a mente respirar.
Não vou entrar em detalhes, mas caso queira se aprofundar, a meditação é a ferramenta mais poderosa para esse treino.
Meditação é a arte de domar sua atenção, de pôr uma coleira nela. Não só limpa o excesso de estímulos, como também fortalece sua capacidade de foco, atenção e presença. É um detox mental. Um reset real.
Em resumo, a solução é:
- Mais tédio, menos estímulo.
- Mais reflexão, menos informação.
- Mais presença, menos distração.
Isso vai impactar sua clareza, sua produtividade e seus resultados. Foco não é só uma habilidade — é uma escolha diária. E todo movimento inicia de algo que estava parado. Todo salto adiante é precedido por um breve momento de pausa.
Há momento para divagar e deixar a sua mente viajar por inúmeros pensamentos e há o momento para pensar apenas na tarefa em mãos.
Recuperar o foco é possível. Mas exige coragem de parar, mesmo quando o mundo grita para você seguir. O tédio, hoje, é um ato de rebeldia. E talvez o seu superpoder.
É isso.
Caso queira continuar lendo e aprendendo sobre foco, têm mais artigos no blog. Esses são meus favoritos:
- Como focar, não se distrair e alcançar metas em 8 passos
- Como ter foco e disciplina (Um guia de 6 dicas simples, mas pouco conhecidas)
- Ser 100% focado não funciona
E claro, caso queira melhorar não só seu foco, mas sua vida inteira. Considere o ebook 101 Hacks. São literalmente centenas de Hacks (métodos) para te tornar mais produtivo, motivado e próspero.