Como ter foco e disciplina (Um guia de 6 dicas simples, mas pouco conhecidas)

Você está aqui porque quer mais disciplina e foco.

Provavelmente se cansou de tentar, tentar, tentar e continuar indisciplinado. Está com a sensação de que está desperdiçando tempo e potencial se distraindo e perdendo o foco com trivialidades. Mas sabe que precisa assumir as rédeas de si mesmo e direcionar melhor a sua vida.

Bom, nós (AutenticoValor) já ajudamos milhares de pessoas a construírem autodisciplina através dos nossos conteúdos. Seria justo dizer que sabemos algo sobre o assunto.

Juntamos algumas das melhores dicas para te ajudar a começar hoje mesmo a se tornar o mestre de si mesmo e assumir o controle da sua vida.

Mas antes de entrarmos em detalhes, para te poupar tempo, aqui estão as dicas resumidas:

1. Identifique o que você quer em primeiro lugar: Saiba qual é a sua meta. Isso vai te trazer motivação e força de vontade para começar a se disciplinar.
2. Saiba o seu nível de disciplina: Se assumir um desafio muito difícil, falhará e se desanimará. Aprenda a usar a Regra Goldilocks para encontrar o desafio certo.
3. Comece pequeno: Uma vez que souber seu nível de disciplina, tenha a humildade de começar, mesmo que seja uma pequena ação.
4. Mantenha a consistência, o ritmo: De nada adianta ser disciplinado uma vez. É a repetição que traz os resultados.
5. Cuidado com a arrogância: A soberba precede a ruína. Uma vez que estiver disciplinado e consistente, cuidado com as armadilhas da sua mente que te induzem a errar.
6. Espalhe a disciplina para outras áreas: Disciplina se aplica em tudo; do seu temperamento ao exercício físico. Uma pessoa realmente disciplinada é aquela que a pratica em tudo.

O que é disciplina?

“Disciplina é fazer o que deve, não o que quer.” — Richard Oliveira

De maneira simples, disciplina é fazer o que você sabe que deve fazer, ao invés do que quer fazer. Disciplina é restringir a voz que te diz para postergar, procrastinar e obter prazer; e amplificar a voz que te diz para fazer agora, para trabalhar e se esforçar. Disciplina é sacrificar prazeres momentâneos, ao invés de sacrificar seu futuro. Disciplina é quando seu desejo de alcançar suas metas se torna maior do que o seu desejo por prazeres imediatos. Disciplina é liberdade.

Por que se disciplinar?

Porque caso contrário, sua vida se torna a soma da indisciplina. Basta pensar, quando você se disciplina na vida, você se alimenta melhor, você é mais produtivo no trabalho e nos estudos, você tem melhores relacionamentos, você tem mais autoconfiança e etc. Logo, os seus resultados são: Uma saúde melhor, mais dinheiro, mais sabedoria, mais felicidade e etc.

O mesmo se aplica para a indisciplina. Quando você é indisciplinado, você se alimenta mal, procrastina e não dá o seu melhor no trabalho e nos estudos, você permite suas indulgências atrapalharem suas relações e sempre que você diz que vai fazer algo certo e não faz, sua confiança em si mesmo vai embora. Os resultados disso são o inverso dos que a disciplina traz.

De fato, um estudo comprovou essa tese. Em 1970, em Dunedin na Nova Zelândia, pesquisadores passaram a acompanhar 1,000 bebês recém-nascidos. O intuito era descobrir a influência que a autodisciplina teria na vida deles. Após 40 anos de acompanhamento, os resultados foram de cair o queixo. Todos aqueles que tinham um bom nível de disciplina tiveram melhores resultados na vida; Mais saúde, mais dinheiro, menos problemas com álcool e drogas e se tornaram melhores pais. Enquanto os indisciplinados tiveram o inverso; Mais problemas de saúde, menos dinheiro, mais problemas com álcool, drogas e até envolvimentos em crimes, além disso, se tornaram piores pais.

Como se disciplinar: 6 Dicas para criar autodisciplina

Identifique o que você quer em primeiro lugar.

Talvez você não seja preguiçoso, desfocado e indisciplinado. Talvez você só não tenha uma razão para ser produtivo, disciplinado e focado. Essas qualidades são ferramentas que todos temos, mas que só são tiradas da caixa, quando são necessárias. Se não há a necessidade, elas continuam guardadas. Sua capacidade de focar só existe, porque caso contrário, seus antepassados teriam morrido na primeira vez que um leão estivesse deitado na entrada de suas cavernas. Sua capacidade de se disciplinar e se restringir só existe, porque caso contrário, seus antepassados morreriam de fome por não saber regular o tanto que comeriam para sobrar para o próximo dia. Sua capacidade de ser produtivo só existe, porque caso contrário, a colheita não seria farta e muitos passariam fome. Só existe ação, quando há necessidade.

Imagine que alguém te oferece R$100 para atravessar do topo de um prédio a outro por uma barra de metal estreita. Você aceita? Acredito que não. Não vale a pena o risco. Agora, imagine que do outro lado, no outro prédio, está a pessoa que você mais ama e o prédio está em chamas. Você atravessaria? Eu tenho certeza que sim.

Veja bem, o desafio não mudou, na verdade, ficou ainda mais difícil, pois agora você teria de atravessar para um prédio em chamas e ainda voltar junto à outra pessoa. O que mudou foi a razão. Quando a razão é importante o suficiente, urgente o suficiente, impactante o suficiente, você age, você foca, você se disciplina, você faz o que for necessário. Quando não há razão, não há ação.

Eu diria que 60% das pessoas, se perguntadas por que acordam de manhã, não sabem responder o porquê. Apenas vivem dia após dia seguindo o que a sociedade as induziu a seguir, sem questionar o porquê, a razão, o motivo. São essas mesmas pessoas que detestam seus trabalhos, por isso procrastinam, usam o tempo livre para serem preguiçosas e não têm foco no que importa. Mas isso não significa que elas não possam ser disciplinadas, produtivas e focadas. Significa que para isso acontecer, elas precisam saber suas razões, ou precisam de razões melhores.

Qual é a sua razão? O que você quer para sua vida? O que exatamente quer para cada área de sua vida? Finanças. Quanto quer ter no banco? Saúde. Qual o corpo dos seus sonhos? Relacionamentos. Com qual tipo de pessoa quer compartilhar sua vida? Espiritual. No que realmente acredita? Mental. Quão longe você quer levar seu intelecto?

Consiga essas respostas, faça delas claras como cristal e você terá motivação, vontade, e mais importante, disciplina para tomar ações.

Saiba o seu nível de disciplina.

Agora que sabe suas razões, tem mais motivação para fazer o que deve, ter disciplina. Mas se parar por aí o que vai acontecer é o seguinte: Você vai usar essa motivação para criar um plano mirabolante para alcançar sua meta. Nos primeiros dias vai ser fácil fazer o que se propôs, mas após isso, vai ficar cada vez mais difícil, você vai desistir do plano, vai se frustrar, vai ser indisciplinado e indulgente por algum tempo para “se recuperar” dessa frustração, vai voltar a pesquisar artigos sobre como se disciplinar e o ciclo vai se repetir.

Essa é a ilusão da motivação: Ela é apenas uma emoção — e como toda emoção, é temporária. Ao se motivar, você sente que é capaz de fazer certas coisas, porque realmente é, entretanto, quando ela vai embora, esse senso de capacidade vai junto e fica mais difícil sequer pensar em fazer aquilo. A solução para isso está na Regra Goldilocks.

A Regra Goldilocks é uma teoria de que nós temos mais motivação para fazer algo, quando esse algo está apenas um pouco fora da nossa capacidade atual. Não é nem tão difícil, nem tão fácil. Exemplo, você começa a jogar tênis, sem nunca ter jogado antes. Se enfrentar um atleta profissional, vai perder todas as vezes, vai se desanimar e não terá motivação para seguir jogando. Agora, se enfrentar uma criança de 4 anos, vai vencer todas as vezes, vai se entediar e não terá motivação para seguir jogando. O oponente ideal seria alguém apenas um pouco melhor do que você, ou no mesmo nível. Assim, você teria chances parecidas de vencer ou perder. Esse é o desafio. É aí onde você tem motivação máxima.

Quando estamos muito motivados com nossas metas, tendemos a planejar ações que são muito difíceis. E daí, quando ela vai embora, a carga fica pesada demais para sustentar. Por isso, você precisa saber o seu nível de disciplina. Basta analisar a si mesmo quando estiver fazendo algo que se comprometeu a fazer, se está muito difícil, diminua um pouco. Até chegar no ponto certo. No ponto Goldilocks.

Comece pequeno.

Uma vez que você sabe o seu nível de disciplina, comece por ali. Não tenha vergonha de começar pequeno. Se só consegue ler duas páginas do livro por dia, leia apenas duas. Isso não significa que você vá, ou sequer deva continuar ali. Pais não julgam seus filhos por estarem na primeira série, julgam se eles passarem muito tempo ali. O problema não é começar pequeno, é não progredir.

Quando começamos na academia, por exemplo, temos que escolher um peso que suportamos, caso contrário fazemos poucas repetições, ou nos lesionamos. Alguma semelhança? Então, mas assim como na academia podemos progredir a carga aos poucos, também podemos aumentar a dificuldade das nossas disciplinas. Se você está lendo 2 páginas há um tempo e sente que já ficou fácil, passe a ler 6. Se sentir que ficou muito difícil, desça para 4 páginas. Faça isso até encontrar o seu “peso” ideal novamente. A regra para crescer um músculo é simples: Ficou leve? Aumente o peso. A regra para crescer sua disciplina é simples: Ficou fácil? Torne mais difícil.

A disciplina é literalmente um músculo. A região do seu cérebro responsável por regular seus comportamentos pode ser fortalecida, ou enfraquecida, assim como um — e a lógica é simples: Faça mais do que deve (disciplinas) e ela se fortalece. Faça mais do que quer (prazeres momentâneos) e ela enfraquece.

Mantenha a consistência, o ritmo.

Uma vez que você sabe suas metas, sabe seu nível de disciplina e já começou a agir, basta manter. Essa é a etapa mais difícil. A etapa onde o hábito é formado. É fácil fazer quando estamos entusiasmados no início, pois tudo que é novo tem esse efeito sobre nós, seja um projeto ou um presente.

Entretanto, após essa fase é onde os meninos são separados dos homens, pois resta apenas você e sua disciplina. A dificuldade dessa fase é a desilusão inicial que temos quando a motivação se esvai um pouco. Mas se você persiste e passa por ela, chega a uma fase onde aquela disciplina está consolidada, o hábito está formado, se torna algo automático. Não necessariamente mais fácil, mas há menos fricção para começar.

Para chegar nessa fase você precisa se agarrar à consistência. Você não precisa ser perfeito, ou melhor, você não será. Tenho quase certeza que vai errar um dia ou outro. Mas assim como um presidente só precisa de mais de 50% dos votos para vencer, você também só precisa vencer maior parte das vezes para atingir a consistência e criar o hábito.

Existe uma regra excelente para manter a consistência, sem precisar se tornar um robô: A regra 2×1. Consiste em se dar a liberdade de errar 1 dia, mas nunca 2 seguidos. A lógica por trás disso é que se você vence um dia, mas perde outro, continua empatado, mas não é o suficiente para quebrar o seu hábito e te tirar do jogo. Porém, se você erra 2 dias seguidos, o adversário (a indisciplina) agora está na sua frente — e as chances de você continuar errando são maiores.

Um aviso: Isso não significa que você deva querer, cobiçar essa falta, esse erro, esse descanso. Significa que você só não deve se martirizar, caso ele aconteça. É algo do tipo: Tente ser perfeito, mas se errar, continue tentando (sem ressentimentos). O maior erro das pessoas ao faltar um dia é pensar: “Já faltei na Segunda, hoje (terça) não vai fazer diferença.” Elas meio que se dão um tapinha nas costas — e esse tapinha é o inimigo da consistência e da disciplina.

Cuidado com a arrogância.

Se você já criou o hábito e agora consegue ter disciplina com mais “facilidade”, ainda precisa se atentar com uma armadilha: A arrogância.

Quando estamos vencendo há muito tempo, a ameaça deixa de ser o inimigo exterior e passa a ser o interior. Deixa de ser o que está fora da muralha e passa a ser o que está dentro. Muitos quando estão nessa situação acabam caindo na armadilha de pensar: “Hoje posso, já fiz muito.” Se sentem muito no controle na situação e portanto decidem dar uma pequena chance ao caos. O problema é que o caos começa sutil, ele começa de forma ardilosa, sorrateira. Como o mato que começa a crescer aos poucos, mas quando você menos espera, ele toma conta de tudo. Lembre-se, a serpente não enganou Eva ordenando que ela comesse do fruto.

“A arrogância precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda..” — Provérbios 16:18-19

Espalhe a disciplina para outras áreas.

O erro de muitos é se entitular “disciplinados”, quando a atingiram em apenas uma área. Há muitas pessoas extremamente disciplinadas no trabalho, mas que se alimentam terrivelmente. Há muitos que têm uma facilidade imensa em resistir às tentações da carne, mas têm dificuldade imensa em resistir à ira. Há muitos que são super disciplinados na academia, mas não conseguem manter o próprio quarto em ordem.

Disciplina se aplica em muitas áreas. Onde houver um desejo ou impulso, que se não for restringido, leva a péssimos resultados, há espaço para a disciplina. Se eu fosse nomear os principais, citaria os 7 pecados capitais: Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Inveja, Preguiça e Orgulho.

Se não disciplinar sua gula, terá uma péssima saúde. Se não disciplinar sua avareza, será escravo de bens materiais. Se não disciplinar sua luxúria, será infiel. Se não disciplinar sua ira, terá péssimos relacionamentos. Se não disciplinar sua inveja, nunca terá contentamento. Se não disciplinar sua preguiça, será sempre pobre. Se não disciplinar seu orgulho, sua queda será feia.

Disciplina não é algo fixo. Não é um título que conquistamos e teremos para o resto da vida. Disciplina é uma atitude. A atitude de fazer o que deve ser feito, não o que seus impulsos querem que você faça. Diariamente vamos encarar esses desafios, vamos falhar em alguns, vamos acertar em outros. Uma pessoa disciplinada é apenas aquela que acerta maior parte do tempo.

Mais formas de se disciplinar

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